Quem fuma e quer se proteger da gravidez usando anticoncepcionais com hormônios (a maioria dos que existem atualmente) não tem alternativa: ou para de fumar ou escolhe outro método contraceptivo. A combinação entre cigarro e pílulas com hormônioss é perigosíssima e pode causar infarto, acidente vascular cerebral (derrame) e trombose.
A cirurgiã vascular, Dra. Magaly Arrais explica. “A mulher possui o hormônio estrogênio, que protege seu coração ao fazer com que os vasos fiquem mais relaxados. Quando ela faz uso de anticoncepcionais com hormônios, principalmente de uso contínuo e prolongado, ela ‘engana’ o organismo e bloqueia essa ação do estrogênio, anulando a proteção.” Além disso, o hormônio presente nesses anticoncepcionais, os estrogênios sintéticos, elevam o risco de trombose.
Isso acontece porque no sangue existem proteínas que atuam a favor e contra a coagulação. Em uma situação normal, elas geralmente ficam em quantidades equilibradas. Porém, muitos hormônios presentes nos anticoncepcionais podem provocar algum desequilíbrio, aumentando a quantidade de proteínas pró-coagulantes. O maior perigo é que esses coágulos podem se deslocar, chegar ao coração e ao pulmão e obstruir a passagem do sangue, impedindo a irrigação de determinados órgãos — situação que, dependendo da região em que ocorre, pode levar à morte.
O risco aumenta quando a mulher é tabagista e tem mais de 35 anos, já que nessa idade os níveis de hormônios — entre eles o estrogênio — começam a diminuir naturalmente. Tanto o uso de anticoncepcionais com hormônios combinados quanto o fumo afetam a parte vascular do nosso organismo. A ação dos dois ao mesmo tempo faz com que o sangue entre em estado de hipercoagulabilidade, ou seja, tornam o sangue ainda mais espesso do que se houvesse apenas um desses fatores atuando. O sangue mais grosso aumenta o risco de formação dos coágulos.
Largando o cigarro
Livrar-se da pílula não é o mais indicado. Médico recomendam que o elemento a ser abandonado nessa equação que causa tantos prejuizos à saúde deva ser o cigarro, que mata cerca de 40% das mulheres com menos de 65 anos.
O SUS (Sistema Único de Saúde) tem um tratamento para mulheres que usam anticoncepcionais com hormônios e não conseguem parar de fumar. Em cerca de três mil UBSs (Unidades Básicas de Saúde) há tratamento de graça para quem quer largar o vício de vez. Para saber mais, acesse este link.
E lembre-se: se você fuma e vai ao ginecologista para receber a indicação do método anticoncepcional mais adequado para você, não esqueça de avisar do vício no tabaco. Apenas o acompanhamento médico, que deve ser feito com uma boa investigação de sua história e da sua família, pode garantir o melhor método.